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quinta-feira, 21 de julho de 2011

Confissões de um divorciado cristão


Esta confissão é fictícia, mas poderia ser verdade.


Ó Deus, não devia ter me casado com Eliana. Tanto ela como eu estávamos muito imaturos ainda. O casamento não deu certo. Os acordos que fizemos na empolgação inicial não funcionaram. Nosso matrimônio durou apenas sete anos e como foi difícil chegar até aí! 

Confesso que eu não deveria ter sido tão mandão como fui. Os pastores pregavam mais sobre a submissão da mulher ao marido (1 Pe 3.1-6) do que o trato com discernimento e delicadeza que o marido deve a ela, em benefício de suas próprias orações (1 Pe 3.7). Creio que o machismo enraizado nos pregadores unilaterais e em mim mesmo me impediram de ler nas Escrituras que os maridos devem amar as suas esposas como a seus próprios corpos e como Cristo amou a sua igreja (Ef 5.25-33). Quando cheguei a entender o que é submissão feminina dentro de um amor masculino,como o de Cristo, já estávamos viciados demais para alguma mudança. Raramente a tratei com delicadeza. 

Senhor, fui muito ignorante, pois praticamente nunca me preocupei com a satisfação sexual de Eliana. Eu pensava que isso era só para homens e que a mulher era mero instrumento para os meus incontroláveis apetites sexuais. Não me deitei com Eliana quando ela emitia sinais de que desejava deitar-se comigo. Fazia-me demal-entendido e só a procurava quando a vontade era minha e não dela. 

Sou obrigado a confessar que fui mais delicado com outras mulheres do que com Eliana, na presença ou na ausência dela. 

Em nenhum dia cometi adultério contra Eliana, mas fui longe demais com minhas amizades com outras mulheres, provocando algo insuportável para ela: insegurança, amargura, complexo e ciúmes. 

Quando as coisas foram se agravando, não dialoguei com ela, não pedi desculpas, não reconheci, pelo menos na presença dela, minha ignorância, meus equívocos, meus erros e meus pecados. Fomos nos separando cada vez mais, sem o percebermos. 

Confesso que fui levado a esses problemas ate à exaustão, até à ruptura irreversível, sem ter coragem e a humildade de procurar um pastor, meus amigos mais íntimos, ou, quem sabe, um terapeuta de formação cristã. 

Agora, ó Deus, que ela pediu divórcio e se foi e não pretende voltar, e eu também já me acostumei sem ela e não quero continuar só, confesso o pecado todo, desde o início, com lágrimas, com perdas para ela,com perdas para mim e com perdas para a igreja do Senhor Jesus. 

Sei, pela Bíblia, que o único pecado não perdoado é a blasfêmia contra o Espírito Santo (Lc 12.10). Baseado nesse versículo e em todos os outros que prometem perdão pleno para quem confessa sinceramente seu próprio pecado (1 Jo 1.9), posso esperar o teu perdão, ainda que sofra por algum ou muito tempo as conseqüências de meus desvarios? 

Posso também, no tempo certo, casar-me outra vez, com uma mulher solteira ou viúva e começar tudo direitinho, sem perder qualquer privilégio da igreja, exclusivamente por tua infinita graça, depois de confessar meu fracasso às pessoas de minha intimidade, como acabo de fazer? 

Franco Silveira não existe.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Em busca do que se perdeu


Uma mulher possuía dez moedas. Atenta ao andamento de sua casa, um dia deu pela falta de uma das suas preciosas moedas. Determinada, iniciou imediatamente a exploração de todos os cantos e recônditos domésticos. Acendeu a lamparina, afastou os móveis, varreu toda a casa, empreendendo cuidadosa procura. Só sossegou depois de encontrar o que havia perdido. Feliz com o resultado de sua busca, reuniu amigas e vizinhas, dividindo com elas sua imensa alegria. (Cf. Lc 15.8-10.) 
Ao ler a parábola da dracma perdida, além de sermos postos diante de um simples acontecimento doméstico, somos discretamente convidados à reflexão sobre aspectos ainda mais importantes da vivência e “com-vivência” familiar. 

Uma louvável atitude feminina 
Não podemos negar. Realmente há fartas provas de que existe uma qualidade que é mais presente no feminino que no masculino. São as mulheres que percebem primeiro a falta de algo na família. Demonstram mais atenção ao andamento da casa e à qualidade da vida familiar. Por isso são elas que se movem primeiro em busca de soluções para os problemas e do suprimento das necessidades. A maioria das mulheres se antecipa aos maridos no acompanhamento da vida e das necessidades dos filhos. Igualmente, não hesitam em procurar ajuda de pastores e conselheiros. Parecem estar sempre interessadas em ampliar o bem-estar da família. 

O que pode ser perdido dentro de casa 
Na parábola de Jesus, a moeda perdida era uma dracma, antiga moeda de prata. Embora pequenina, era de grande valor para uma família de poucos recursos. Talvez representasse o suficiente para alimentar uma família por um ou dois dias. Seu desaparecimento faria muita falta. Isto torna compreensível o esforço empreendido pela mulher que a procurava. 

Naturalmente, há recursos de ordem física que são essenciais, como moradia, alimentação e saúde, que, quando não existentes, comprometem tanto a dignidade como a sobrevivência da família. Existem, contudo, recursos de outras categorias, que, quando desaparecem, mesmo em famílias socialmente bem supridas, provocam carências profundas. Algumas perdas podem afetar substancialmente a qualidade de vida de uma família. 

Por exemplo, a perda do interesse e da atenção pelo outro, que tornam a convivência familiar agradável e nutritiva para seus integrantes, é sempre comprometedora. A perda do carinho e do toque, capazes de transmitir acolhimento e de confirmar o valor de cada um, abala a auto-estima pessoal, especialmente dos mais frágeis. Quando se perde o prazer pela presença e companhia do outro, a convivência familiar deixa de ser uma agradável possibilidade para tornar-se um peso. Perdidos a lembrança e o temor de Deus, a mais preciosa fonte de recursos para a vida dos indivíduos e da família é obstruída. Quando, por falta de cuidado, perde-se o companheirismo, vai-se o que poderia estreitar os vínculos e consolar a alma. O diálogo, que misteriosamente transforma as divergências em novos e mais plenos entendimentos, quando perdido, deixa distâncias e barreiras intransponíveis no caminho da compreensão. Até mesmo o respeito pode ser perdido. Quando isto acontece, a dignidade do outro é posta em risco, degenerando a relação em abusos, geralmente seguidos de um triste acúmulo de sofrimentos. 

Mas o que se deve fazer diante da perda de algo precioso na vida familiar? As providências tomadas pela mulher da parábola são exemplos bastante úteis. 

Procurar o que foi perdido As pessoas têm uma capacidade surpreendente de se acomodar de forma gradativa a situações desfavoráveis na vida. Alguns perdem completamente a noção do prejuízo que estão amargando, aceitando com resignação amargas condições de existência. As perdas diluídas em suaves prestações diárias podem ser contabilizadas em proporções inimagináveis, depois de alguns anos. Há aqueles que minimizam suas perdas, dizendo: “é assim mesmo, isto acontece com todas as famílias”. Com esta atitude, rebaixam suas expectativas e não se dispõem a lutar para transformar sua condição. 

Mas a personagem da parábola não se conformou com a perda de sua moeda. Embora tivesse outras nove, queria preservar tudo o que possuía. É preciso que nós também não nos acomodemos ao que é menor, mais pobre e mais vazio do que aquilo que pede o coração. Fomos destinados a “comer o melhor desta terra”, e não as migalhas. O tempo de busca começa imediatamente depois dos primeiros sinais da falta, senão os riscos da acomodação se ampliam. 

Empreender uma busca diligente 
Não basta olhar por cima e apressadamente. Só uma atenção detida e interessada pode ajudar a localizar o que se perdeu, que muitas vezes está escondido onde menos se espera. A protagonista de nossa parábola revirou a casa, varreu todos os seus cantos, ciente de que ali era o lugar onde deveria empreender sua busca. 

Muitos dos recursos que se perdem podem ser localizados, se a busca for minuciosa e corajosa. Isto implica, por exemplo, consultar e ouvir todos os membros da família. Um cônjuge deve se dispor a ouvir e acolher humildemente as observações do outro. Os filhos devem ser convocados a dizer exatamente o que vêem, percebem e sentem, do lugar em que estão. A soma das contribuições individuais torna a empreitada coletiva mais próxima do sucesso. 

Há pessoas que se apressam a buscar fora o que perderam dentro de casa. É preciso resistir à tentação de partir à procura de alternativas compensatórias no mundo de fora, quando a vida no ambiente familiar torna-se difícil. Muitos que por esta via se enveredam prendem-se em armadilhas que mais roubam do que dão satisfação. 

Entretanto, esgotados os recursos internos, é sábio pedir ajuda a um conselheiro familiar experiente, leigo ou profissional, a fim de entender melhor a situação e atuar de maneira mais eficiente no complexo universo das relações familiares. 

Acender a candeia 
A mulher da parábola cuidou de acender uma candeia para aprimorar sua busca. Sem luz ficaria difícil localizar a pequena moeda. De modo semelhante, a localização dos conteúdos perdidos na convivência familiar requer esclarecimento. 

Há fatos relacionais que permanecem velados, até serem iluminados com as informações econhecimentos necessários. O acender a candeia pode ser a utilização de um novo recurso para a compreensão, como literatura específica ou a experiência de outros. Reconhecer os limites e partir em busca de novos recursos é sinal de grandeza. O crescimento resulta desse interesse e é alcançado pelos humildes como uma recompensa. É para os que admitem a falta de algo e, quando se vêem doentes, não se envergonham de buscar a cura. 

A chama esclarecedora pode vir também de dentro, mediante a iluminação espiritual, aquecida pela oração. O Espírito Santo é, além de fiel companheiro (Parákletos), incansável guia dos que o buscam para encontrar novas verdades. Algumas questões decisivas da vida familiar só podem ser vistas, reconhecidas e transformadas sob a luz da submissão à Palavra de Deus e aos propósitos divinos. 

Celebrar 
Nossa parábola termina em festa. Depois da aflição pela perda e do trabalho de busca é chegado o momento de celebração. A mulher reúne as amigas e vizinhas para dividir sua alegria e expressar a gratidão pelo sucesso de sua tarefa, pois o que estava perdido foi encontrado e a dor da falta foi substituída pela satisfação da conquista. 

Celebrar é uma atitude que fortalece a experiência e sela a conquista, mas que ainda tem permanecido como um desafio para as famílias. Freqüentemente o negativo — na forma de queixas e críticas — ocupa mais espaço que o positivo. Facilmente as conquistas podem desaparecer diante das faltas e as lamentações são contabilizadas com muito mais rigor. Isso nos lembra o que aconteceu com o primeiro casal, no Éden, quando a única árvore que lhe era proibida tornou-se mais importante e atraente que milhares de outras, inteiramente permitidas. Sem o olhar de gratidão, as imperfeições do outro serão sempre maiores que suas conquistas e o que ainda falta será sempre mais importante do que tudo que já se tem. 

Há muito o que celebrar no cotidiano familiar, basta ter olhos para ver. Pequenas e grandes conquistas enfileiram-se diariamente diante da família. É importante voltar a atenção para esta dimensão esquecida em meio a tantos empreendimentos ao mesmo tempo exigentes e desafiadores. A celebração pode trazer refrigério e tornar menos árida e mais encantadora a convivência que já pode ser experimentada. 

O conselho de Jesus é: “Buscai e achareis”. Vale a pena empreender uma busca quando se tem a promessa do resultado positivo. A Palavra de Deus assegura que Ele mantém seus olhos atentos sobre todas as famílias da terra (Gn 12,3; Ef 3.14). Deus se interessa inegavelmente pelo sucesso daquilo que planejou e quer preservar, por isso continua torcendo e agindo em favor disso. Considerando essa garantia, importa buscar o que porventura tenha se perdido ao longo do caminho e permanecer aberto aos novos e preciosos recursos que ainda não foram experimentados. 

Amauri Munguba Cardoso é pastor da Igreja Batista da Graça, em Salvador, BA. É psicólogo, membro do CPPC (Corpo de Psicólogos e Psiquiatras Cristãos) eco-autor (com Layla, sua esposa) de Parceria Conjugal, da Editora Ultimato.

terça-feira, 19 de julho de 2011

Eu não percebia que estava perdendo você!


Pode ocorrer num casamento que um dos cônjuges (geralmente o homem, mas pode ser a mulher), 
com o passar dos anos de convívio e sem terem tido uma relação com boa afetividade, chegue à dolorosa percepção de que o outro perdeu o afeto por ele. Durante os anos anteriores (e vou usar o modelo do homem que percebe que perdeu o afeto de sua mulher), este marido não tinha boa comunicação afetiva com sua esposa. Procurava-a sexualmente, contava com o trabalho dela de administrar o lar, criar os filhos e até trabalhar fora para ajudar no orçamento da casa. Mas não a gratificava afetivamente. 

Em todo casamento são necessárias três abordagens: sexo, diálogo e ternura. A mais fácil parece ser a sexual, pois basta um tanto de excitação e uma cama. Talvez a mais difícil seja a ternura, porque é preciso se expor, falar de afeto, tornar-se vulnerável ao abrir o coração e deixar sair o desejo, o qual pode não ser entendido ou valorizado pelo outro. E pode doer. 

O marido da história (real) acima não vivia muito bem o aspecto amor-ternura, que envolve a expressão de afeto sem sexualidade genital. Sua esposa sentia falta disso e vez ou outra falava dessa falta. Em resposta, ele ironizava e depreciava, talvez por defesa, por medo da afetividade. Ele queria “espaço” e achava que a esposa queria aproximação demais. Ele a achava pegajosa e carente.

Esse é um problema de quase todos os casais: o homem quer mais espaço e a mulher, mais aproximação. Só que ambos não conseguem perceber, em geral, que existe a necessidade oposta também dentro de cada um; ou seja, a mulher necessita de afastamento (para cuidar de si) e o homem precisa de aproximação (para experimentar a afetividade que não pode ser suprida simplesmente pela sexualidade ou pelo diálogo formal). Quando ambos conseguem perceber isso, as brigas e os desentendimentos podem diminuir. 

Quando aquele marido, após anos de dificuldades de expressão de afeto por parte dele e barreiras para o recebimento de afeto dado por sua esposa, percebeu que ela não mais possuía um amor por ele como no passado, e que ela estava confusa sobre seus sentimentos por ele, ficou muito angustiado, e disse: “Eu não percebia que estava perdendo você!” E estava. 

Esse é um momento muito duro na vida de um casal. Um momento em que a esposa pode facilmente fantasiar e até se aproximar de um “caso” extraconjugal, na busca daquela afetividade tão desejada e mal suprida. Evidentemente, isso não resolverá a situação, a não ser momentaneamente, porque, no desejo de encontrar o “amor de sua vida”, ela pode tornar-se cega para outros aspectos da pessoa com quem venha a se envolver, os quais podem ser tão complicados como os do seu marido. Não é difícil haver afetividade gratificante numa relação extraconjugal, quando os encontros ocorrem apenas em momentos agradáveis. 

Este marido, que agora percebe bem a sua própria necessidade pessoal de afeto, à parte da sexualidade, pode compreender melhor o que sua esposa falava anos atrás quando ela dizia que sentia falta de carinho. Ele pode, então, passar a valorizá-la como pessoa e compreender como é importante ter uma pessoa fiel, que o ama e manifesta este amor com expressões de carinho. Ele pode passar a buscar este carinho nela e querer dar também. Mas como ela está confusa, talvez seca por dentro e machucada afetivamente, ele terá de esperar. Terá que se expor para falar do seu amor por ela e do valor dela para ele, coisas que antes ele não percebia, ou percebia muito pouco. 

O amor precisa ser nutrido, assim como uma planta necessita de cuidados para crescer. Se ele parece ter desaparecido da relação, tenha calma, perdoe a si mesmo por seus erros, peça perdão por sua frieza e cegueira afetiva, não “dê uma de vítima”, não implore afeto obsessivamente. Espere. Demonstre amor sincero sem sufocação. A planta pode renascer. O AMOR pode fazer o amor renascer na aridez de um coração sofrido. 

Cesar Vasconcellos de Souza é psiquiatra, psicoterapeuta e diretor médico do Centro Adventista de Vida Saudável em Nova Friburgo, RJ. Autor de Casamento: o que é isso?

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Oração e problemas conjugais


Não só de amor e sexo viverá o casal, mas também de oração, de muita e sábia oração. É mais necessário aprender a orar do que aprender a dormir com o cônjuge. Marido e mulher precisam aprender a orar juntos e a sós. Alguém acrescentou à passagem de Cântico dos Cânticos de Salomão de que “o amor é forte como a morte” (Ct 8.6) as palavras “mas tem a fragilidade do vidro”. Isso nunca esteve no texto bíblico, porém, todos devemos confessar que expressa alguma verdade. 

O amor está em baixa hoje em dia. Não se acredita muito nele. Dizemos uma porção de provérbios que encostam o amor na parede. Um deles é: “Quando a pobreza bate à porta, o amor voa pela janela”. Parece que João Ribeiro valorizava provocadoramente mais a palavraração do que a palavra razão para justificar a longevidade do casamento. Na mesma linha, diz-se que “o amor faz muito, mas o dinheiro faz tudo”. O ditado mais conhecido e mais irônico é este: “O amor é eterno enquanto dura”. Outro provérbio que desacredita o amor diz que “o amor faz passar o tempo e o tempo faz passar o amor”. 

No entanto, há ditados mais otimistas. Aqui está um exemplo: “Onde manda o amor, não há outro senhor”. O mais equilibrado de todos declara que “o amor antigo não enferruja, e, se enferrujar, limpa-se”. É aí que entra a oração — para limpar a ferrugem do amor, para acabar com a ferrugem do matrimônio. 

A licença para termos a ousadia de nos dirigir a Deus em oração vem do próprio Deus. É Ele que tomou a iniciativa de abrir esse canal de comunicação entre o totalmente pecador e o totalmente santo, por meio do sacrifício expiatório de Jesus Cristo. Ninguém pode se esquecer da promessa de Deus: “Se você me chamar, eu responderei” (Jr 33.3, BLH). Nem da repetição disso nas palavras de Jesus: “Peçam e receberão, procurem e acharão, batam e a porta se abrirá” (Mt 7.7, BLH). Nem da observação óbvia de Tiago: “[Vocês] não conseguem o que querem porque não pedem a Deus” (Tg 4.2, BLH). 

A oração tem de ser precisa, consciente e fervorosa. Tiago cita um exemplo: “Se alguém tem falta de sabedoria, peça a Deus, e Ele dará porque é generoso e dá com bondade a todos” (Tg 1.5, BLH).No lugar da palavra sabedoria, posso colocar um monte de outras palavras, como, por exemplo: “Se alguém, cujo matrimônio se enferrujou, peça a Deus, e Ele desenferrujará o amor”. 

Somos acostumados e incentivados a pedir apenas bênçãos mais simples e com sabor mais materialista, como saúde, melhor condição financeira, acumulação de bens deconsumo etc. Mas não oramos, pelo menos com a mesma freqüência, para acabar com as mágoas conjugais,com os conflitos conjugais ou com o desânimo conjugal. Não oramos contra a ferrugem e deixamos que ela destrua o casamento. 

Seja qual for o problema, em qualquer área, em qualquer circunstância e em qualquer momento, é contra esse problema que precisamos orar, a sós ou juntos. Precisamos ter coragem de orar sobre situações tremendamente complexas, tais como a perda do primeiro amor, fantasias sexuais fora do casamento, dificuldades no relacionamento sexual, ciúmes, monotonia, impaciência, orgulho, mau caráter do cônjuge com o qual se vive, desejos adulterinos e daí por diante. 

Se contamos todas essas dificuldades a um psicoterapeuta, por que não podemos contá-las ao próprio inventor do casamento? 

O servo de Abraão pediu a Deus que o ajudasse a localizar a esposa de Isaque entre os parentes da Mesopotâmia (Gn 24.12-14). Isaque orou por vinteanos para Deus pôr fim na esterilidade de Rebeca(Gn 25.19-21). Ana orou por sua esterilidade e por seus aparentemente insolúveis problemas domésticos(1 Sm 1.9-18). A todos Deus ouviu na hora certa. 

É assim que precisamos orar para destruir os pontos de ferrugem que estão aqui e ali, com precisão, com humildade, com insistência, com fé. 

A prática da oração não deixa o vidro quebrar nem a ferrugem tomar conta daquilo que, um dia, foram osnossos mais felizes e emocionantes momentos! 

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Por que o judeu Saaraim repudiou suas duas esposas e se casou de novo?




Está registrado na Bíblia que certo judeu da tribo de Benjamim chamado Saaraim repudiou suas mulheres Husim e Baara e se casou de novo com Hodes, da qual teve sete filhos (1 Cr 8.8). A razão pela qual ele fez isso não é revelada. À luz do Sermão do Monte, a única justificativa aceitável para tal comportamento seria a prática de relações sexuais ilícitas da parte das primeiras mulheres de Saaraim(Mt 5.32).

Hoje em dia, o repúdio é praticado tanto pelo esposo como pela esposa, talvez mais por iniciativa daquele do que desta.

Por que uma esposa rejeita seu marido? Por que um marido rejeita sua esposa?
As razões são inúmeras e por vezes muito complexas. Vão desde o choque de temperamentos até o adultério.
A sensibilidade feminina não suporta por muito tempo maridos brutos, bêbados, malandros, egoístas, explosivos e paqueradores. A sensibilidade masculina não suporta por muito tempo esposas desleixadas, ciumentas, gastadeiras, impacientes, briguentas e mandonas.

Não há casamento que tolere infidelidade não confessada e repetida, tanto do esposo como da esposa. O mesmo acontece quando a preferência sexual dos cônjuges é homossexual.

A enfermidade crônica do esposo ou da esposa, ainda que provoque grandes problemas, não deveria acabar com o matrimônio. Mas isso só acontece quando o amor conjugal “é forte como a morte” (Ct 8.6) e o desprendimento alcança níveis muito altos.

Casamentos costumam acabar quando há demasiada interferência da parte dos pais dos esposos ou quando estes se mantêm demasiadamente carentes de pai e mãe e demasiadamente apegados a eles.

Quando não há perdão mútuo, também não há continuidade no casamento. Porque os cônjuges não são perfeitos e sempre cometem injustiças em seu relacionamento. Os choques de temperamento, de formação e de herança genética só serão superados por meio de tolerância e perdão de ambos os lados.

Outro imprevisto que pode balançar o casamento é a esterilidade feminina ou masculina. Essa foi a experiência de Abraão e Sara, Jacó e Raquel, Elcana e Ana. Em alguns casos, o problema é inverso. O número alto demais de filhos pode esgotar a saúde da mulher e abalar a economia doméstica.

A solução não é o repúdio e o novo casamento. Primeiro, porque isso é contrário à lei de Deus e ao bom senso, além de custar um preço muito alto para os cônjuges e para os filhos. Segundo, porque, sem as necessárias correções, que poderiam salvar o primeiro casamento, o matrimônio seguinte continua a correr o mesmo risco de acabar. Antes de se encontrar comJesus Cristo, junto à fonte de Jacó, a mulher samaritana tinha sido repudiada por cinco diferentes maridos (Jo 4. 17-18).

O que evita de fato o repúdio são a santidade de vida e a prática do amor intenso de ambos os cônjuges — o amor de 1 Coríntios 13: paciente, bondoso, “que tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta”. É como afirmam os Provérbios (10.12) e a Primeira Epístola de Pedro (4.8): “O amor cobre multidão de pecados”.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Por que nos Casamos?

Passados centenas de séculos, ainda recebemos bonitos e originais convites de casamento, alguns deles carregados de romantismo. 
Afinal, por que continuamos a nos casar, a despeito de alguns pronunciamentos esdrúxulos que se lê nas revistas e se ouve na televisão, aqui e acolá, tanto de pessoas fúteis como de pessoas de formação acadêmica, ambas sem orientação religiosa e temor do Senhor? 

Amor 
Ainda nos casamos por causa do amor, que é o sentimento que predispõe duas pessoas de sexo oposto a se aproximarem e a permanecer juntas. Segundo o Dicionário técnico de psicologia, amor é aquele sentimento “cuja característica dominante é a afeição e cuja finalidade é a associação íntima de outra pessoa com a pessoa amante”. Evidentemente, esse amor está ligado de forma íntima à sexualidade humana, como ensina a psicanálise e como se pressupõe na própria Bíblia. Um provérbio francês diz que “o amor é o como sarampo, todos temos de passar por ele”. O amor é mais do que a mera amizade. Daí a frase de La Bruyère: “Quando o amor nos visita, a amizade se despede”. 

Embora fosse um casamento arranjado, a Bíblia diz que Isaque amou a Rebeca (Gn 24.67). 

É conhecidíssima a história de que Jacó amou a Raquel com tal intensidade que trabalhou 14 anos para o sogro a fim de tê-la como esposa (Gn 29.18 e 30). As Escrituras ainda registram o amor de Mical, filha deSaul, por Davi (1 Sm 18.20) e o de Elcana por Ana (1 Sm 1.5). 

A paixão é o amor elevado ao seu mais alto grau de intensidade, podendo sobrepor-se à lucidez e à razão. Não é o caminho mais indicado para o casamento, porque é imediatista e simplifica tudo. Na paixão, o sexo fica sozinho e impera à sua maneira, sem outras evidências de amor, como aconteceu com Amnom, que violentou a mulher pela qual se dizia enamorado e, depois, mandou-a embora. 

Parceria 
Ainda nos casamos por causa da parceria. Não fomos criados para permanecer sozinhos. São clássicas e reveladoras as conhecidas palavrasde Deus a respeito da criação da mulher:“Não é bom que o homem viva sozinho. Vou fazer para ele alguém que o ajude como se fosse a sua outra metade” (Gn 2.18, BLH). O amor, e a sexualidade em seu bojo, não é a única razão do casamento, ainda que muito forte. A união das duas metades para formar uma só carne não se faz apenas por meio do sexo. Isso enfraqueceria o casamento e o tornaria vulnerável. O matrimônio é uma associação de idéias, de vontade, de propósitos, de alvos, de religião, de sacrifícios, de derrotas, de vitórias,de sangue e suor. Em torno da criação e educação dos filhos. Em torno da fé. Emtorno da economia do lar. Em torno da saúde da família. Em torno do trabalho. Em torno do lazer. Em torno da felicidade coletiva. 

A associação é pequena a princípio, mas pode aumentar para três, para quatro, para cinco ou para mais pessoas (os pais e os filhos). A associação não significa igualdade de temperamentos, de aptidões, de energia e de gostos. Mas significa obrigatoriamente ideais comuns, buscados a dois. Essa parceria, preparada desde a eclosão do amor antes do casamento (namoro e noivado), uma vez preservada e abastecida, talvez dê mais força ao casamento do que o amor em si. 

Santidade 
Ainda nos casamos por causa da santidade pessoal. Tanto a sexualidade como a sede interior de Deus são características de nascença. Uma não precisa machucar a outra. Zacarias e Isabel “eram justos diante de Deus e irrepreensíveis em todos os preceitos e mandamentos do Senhor” (Lc 1.6). Mas isso nunca os impediu de ter relações sexuais, mesmo depois da velhice, quando Deus curou a esterilidade deIsabel para ela dar à luz a João Batista, o maior “entre os nascidos de mulher” (Lc 7.28). 

Além da razão dada pelos cientistas a favor de uma união monogâmica, heterossexual e estável — evitar as doenças sexualmente transmissíveis e o temível HIV —, os cristãos têm o compromisso de não prejudicar o seu relacionamento com Deus por meio de uma relação sexual promíscua. 

“Por causa da impureza”, ensina o apóstolo Paulo, “cada um tenha a sua própria esposa, e cada uma, o seu próprio marido” (1 Co 7.2). Talvez Paulo tenha se inspirado naquele provérbio de Salomão: “Beba a água da tua própria cisterna e das correntes de teu poço” (Pv 5.15). 

Para ficarmos sob a proteção das normas e não sob o bombardeio dos ímpetos,nós nos obrigamos a homologar a lei de Deus, juntando-nos dentro de um acordode exclusividade e fidelidade mútuas. 

Santidade é aquele estilo de vida que não fere os mandamentos e imita o Senhor: “Sede santos, porque Eu sou santo” (1 Pe 1.16). Em todas as áreas. Inclusive na área dasexualidade. É por isso que Paulo diz que os solteiros e os viúvos, tanto do sexo masculino como do sexo feminino, “caso não se dominem, que se casem, porque é melhor casar do que viver abrasado” (1 Co 7.8-9).

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Série: Casamento - Beleza e Transcendência

Você não pode deixar de ler os textos desta série. 

Casamento: Beleza e Transcendência



Sob o ponto de vista cristão e bíblico, o casamento é uma instituição natural, inaugurada por Deus logo após a criação do homem e da mulher, que une duas pessoas de sexos diferentes, para viverem em companhia agradável, até que a morte ou a infidelidade contumaz e irreversível de um ou de ambos os cônjuges os separe, com a finalidade saudável de perpetuar a espécie e passar para os filhos as idéias de um Deus não criado, Todo-poderoso, criador e sustentador de todas as coisas visíveis e invisíveis, Senhor e amigo do homem.

Assim posto, o casamento é de origem divina, heterossexual, monogâmico, estável e, salvo casos raríssimos (os que detêm da parte de Deus o dom do celibato espontâneo), indispensável para a realização interior do homem e da mulher.Qualquer comportamento diferente indica a intromissão do pecado original provocado pela queda do homem e do pecado atual e pessoal.A prova disso é que, já em Gênesis, encontram-se várias aberrações progressivas, à luz da organização inicial do matrimônio: o início da poligamia (4.19), o início da libertinagem (6.2), o início da sodomia (19.5), o início da relação sexual entre pai e filhas (19.30-38), o início do estupro (34.2), o início da relação sexual entre enteado e madrasta (35.22), o início da prostituição (38.12-19) e o início do desrespeito aos compromissos conjugais (39.7-20). Só não se menciona algum caso de bestialidade (prática sexual com animais), que, talvez, já tivesse acontecido, já que um dos mandamentos de Deus proíbe que alguém se deite com animais (Lv 18.23). Jesus Cristo engloba todas essas “novidades” na área do sexo como “relações sexuais ilícitas” (Mt 5.32), expressão que aparecerá outra vez por ocasião do concílio de Jerusalém (At 15.20, 29).Salvo essas “relações sexuais ilícitas”, o que fica é o sexo lícito — a relação inteira de um homem com sua esposa ou de uma mulher com o seu esposo, em todas as áreas, inclusive na troca de experiências sexuais, sempre que desejadas, não importando se delas virá ou não uma gravidez.É preciso perder a noção multissecular aberta ou oculta no mais fundo da consciência humana de que a relação lícita é algo menos santo, ou apenas permitido ou tolerado por Deus. O desejo de acariciar, apalpar, despir e manter um intercurso sexual com o cônjuge é natural, faz parte da criação de Deus e antecede a queda da raça humana (Gn 2.24). É natural para ambos os sexos, não apenas para o homem. O que faz a grande diferença entre relações sexuais ilícitas e relações sexuais lícitas, sem as inovações antinaturais, é o matrimônio.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Minha Família na Casa de Deus

Ao clicar na imagem acima você terá acesso a textos publicados anteriormente referentes a Família Cristã:
Laços Sólidos de Família 
Parceria Total
Pornografia e Adultério
Capacitando a Família
Mantendo a Esperança
Ovelhas Negras


07 de Agosto (1º Domingo às 18h) em Vila Rio Branco, “Culto da Família”
Av. Capitão Anselmo Barcelos, 450 - Vila Rio Branco

Mas, se alguém não cuida dos seus, e especialmente dos da sua família, tem negado a fé, e é pior que um incrédulo.” I Timóteo 5:8





quarta-feira, 1 de junho de 2011

Ovelhas Negras


De repente, como que num passe de mágica, você acorda pela manhã e percebe que seu filho ou filha está diferente. As bonecas "Barbies" e seus inúmeros acessórios são esquecidos no fundo de uma gaveta qualquer e as paredes ganham a decoração de fotos dos "Tom Cruises" ou "Brad Pitts" do momento, extraídas de revistas especialmente dirigidas aos "teen" – como gostam de ser chamados.
No quarto dos garotos (tenha cuidado ao entrar) os "rollers" estão pelo chão e sorte sua se você avistar o skate antes de pisar nele! Não há fotos de atrizes prediletas pelas paredes, mas por favor não vá revistar debaixo do colchão ou checar as páginas recentes visitadas por ele na internet - pode ser constrangedor descobrir que seu adolescente guarda ali um número antigo da revista Playboy ou que ele tem "navegado" por mares estranhos...
Você se desespera – talvez tenha uma crise de choro. Começa a se perguntar o que fez de errado. Acha que sua família vai se desestruturar. Em primeiro lugar quero dizer a você: não é necessário o pânico!
É o avanço natural do ciclo vital, cujo relógio só segue para adiante. Certamente este avanço provoca aquilo que denominamos de "Crises de Desenvolvimento".
Estas mudanças acontecem em todas as famílias; são, portanto, universais. E acontecem sempre neste período de passagem de uma etapa à outra do ciclo vital – portanto previsíveis e, em geral, levam a família a graus de funcionamento de maior maturidade, ou seja, são crises normais. Não se pode produzir prematuramente, nem detê-las e provocam mudanças permanentes no status e função dos membros da família.
Quando a família torna-se incapaz, em sua estrutura, de incorporar a esta nova etapa de desenvolvimento, quando não se permite a discussão e o diálogo aberto sobre estas transições, as pessoas e famílias em geral sentem-se isoladas, confusas e com sentimentos de culpa.
Se um filho começa a questionar os valores de vida adotados até então pelos pais e revelar aos mesmos as inúmeras incongruências entre o teórico e o vivido na rotina da família, muitos pais podem sentir-se bastante ansiosos, com receios. Todavia este momento deve ser aproveitado para o crescimento familiar, com uma revisão de vida por parte dos pais, compreensão de suas limitações enquanto parte de sua humanidade, arrependimento de falhas intencionais e propostas de mudanças que visem uma melhor harmonia do núcleo familiar.
Por outro lado quando os pais negam-se a fazer tal auto-avaliação, colocando-se numa postura de "infaláveis" (ou seja, não permitindo nem que os filhos ousem questionar), reprimindo com leis absurdas e castigos desproporcionais às mínimas falhas dos filhos, então corre-se o sério risco de se criar um abismo na relação.
Antes de impedir o avanço do relógio vital, devemos nos preparar para celebrar tais passagens. Um exemplo que muito me alegrou foi de um pastor amigo meu que, ao saber que sua filha havia tido a primeira menstruação, comprou um buquê de rosas e a família fez um almoço especial de celebração, onde o pai expressou a alegria pela transição da filha da infância para a adolescência e conversaram, como família, sobre as implicações de tal passagem, os novos privilégios que a filha iria conquistar progressivamente em termos de autonomia e independência, bem como as novas responsabilidades geradas por tais conquistas.
Muitas vezes as tensões geradas pela transição no ciclo vital são, imperceptivelmente, descarregadas sobre um elemento do núcleo familiar – em geral o elemento mais sensível, o qual passa a apresentar certos "sintomas" (disfuncionais em relação ao padrão familiar), e é logo estigmatizado como: O PROBLEMÁTICO ou A OVELHA NEGRA!
Quanto mais se acirram as tensões, mais se distanciam no diálogo, mais disfuncionais vão se tornando as condutas do adolescente "problema" e mais vai se confirmando a hipótese de que realmente ele é a "ovelha negra".
Os pais podem reagir de distintas formas a estas condutas disfuncionais dos filhos. Alguns criam em suas casas o "MURO DAS LAMENTAÇÕES" familiares (creio que hoje o mais apropriado seria dizer o telefone das lamentações, pois sempre recorrem a um amigo/amiga para derramar seus angustiados corações). Toneladas de culpa são diariamente acumuladas nos "porões familiares", sempre armazenadas para incrementar o fogo das discussões quando nova conduta disfuncional do adolescente se manifesta.
Outros pais procuram espiritualizar a situação e culpam o diabo de todas as mazelas que sobrevêm à família. Se o filho responde com grosseria é porque está influenciado pelo demônio da rebeldia, se não acata uma ordem é o demônio da desobediência, e assim seguem exorcizando os pretensos demônios que assediam o filho, mas eles mesmos esquecem de acercar-se para um diálogo afetivo e saudável.
Não quero dizer com isto que o diabo não se aproveita destas situações para criar mais confusão, afinal esta é sua tarefa: roubar, matar e DESTRUIR! Todavia, numa situação em que impera o amor, a disposição ao diálogo, o afeto e a ternura, o diabo não tem espaço – pelo contrário, ele foge disso (De onde procedem as contendas entre vocês?... Da vossa própria natureza carnal... resisti ao diabo e ele fugirá de vós... Tiago 4:1 e 7).
O diabo não é culpado quando pais deixam de ser atentos às necessidades de seus filhos e priorizam um milhão de atividades em detrimento de uma atenção concentrada a eles. Mesmo a mais eclesiástica das atividades não justifica a desatenção em relação às necessidades básicas dos filhos. A mensagem apostólica aos pais é de não provocar os filhos à ira (Efésios 6:4) e eu creio que muitos filhos ficam irados por causa da falta de atenção dos pais para com suas necessidades afetivas básicas. Veja, NECESSIDADES AFETIVAS, não físicas ou materiais!!!
Portanto creio que toda "OVELHA NEGRA" da família é somente um sintoma de que esta família não está encontrando meios para superar a crise de passagem de uma etapa à outra do ciclo vital e que tenta manter, sob tensão, uma forma de relacionamento muito estreito, que não supre as necessidades emocionais dos membros da família e leva o adolescente - já sensível por natureza – a extravasar tais tensões através de condutas disfuncionais e receber a insígnia de "problemático ou ovelha negra".
Ainda uma última palavra de orientação. A grande maioria das tensões são diluídas com um diálogo franco e aberto, em uma comunicação participativa, onde todos se expressam e são escutados e todos também tem disposição de escutar integralmente o outro, sem pré-julgamentos que nada mais são que pré-juízos para o grupo. Os filhos só vão aprender tal modelo de comunicação se os pais tiverem a mesma como prática corriqueira em sua relação conjugal. Portanto o cultivo de um diálogo entre o casal é básico para uma resolução sadia nas crises de desenvolvimento da família.
Finalmente se sua família está passando por uma crise de desenvolvimento e vocês têm identificado um elemento – um dos filhos – como a "Ovelha Negra", minha sugestão é que busquem um bom conselheiro ou terapeuta familiar, alguém experimentado em assessoramento de famílias (não só um bom conselheiro, espiritual ou um bom psicólogo, afamado, mas alguém com comprovada experiência no assessoramento familiar), e toda a família inicie um processo em busca de novos estágios de maturidade e novas formas de relacionamento, que proporcionem uma harmonia maior de todo o conjunto familiar.

terça-feira, 17 de maio de 2011

Família Cristã - Mantendo a Esperança





Em uma noite dessas, como não conseguia dormir, liguei a televisão. O canal sintonizado trouxe à minha frente Marília Gabriela entrevistando uma psicóloga. A conversa entre ambas girava em torno da questão do aborto. A cada momento eu ficava mais irritado e abismado com o que ouvia! Diante das perguntas da Gabi, a entrevistada fazia de tudo para convencer seus ouvintes de que a mulher grávida tem todo direito de decidir o que deve acontecer em seu ventre. Não houve nenhuma palavra, nenhum pensamento sequer sobre o direito do bebê em sobreviver. Ela falava em proteger a mulher, mas nada disse sobre a proteção à indefesa criança. Nesse momento, abaixei a cabeça, indignado, e murmurei a meu Pai: "Até quando, Senhor!"


Outra situação de indignação ocorreu quando eu aguardava a chegada de minha esposa no aeroporto em Curitiba, onde, juntos, daríamos um seminário sobre a família. Caminhando pelo saguão, parei em frente a uma loja de camisetas. Quanto mais eu lia as frases nelas escritas, mais vermelho eu ficava, não só de indignação, mas também de vergonha. Eram as mais “sujas” que eu já tinha visto! Fiquei muito indignado e, em seguida, raciocinando mais friamente, decidi protestar. Com isso em mente, entrei na loja. Uma garota de uns vinte anos de idade estava atrás do balcão e ali continuou. Dirigi-me a ela e perguntei se eu poderia falar com o gerente. Foi-me então comunicado que ele não estava na loja. Decidi, portanto, verbalizar a ela mesma meus sentimentos de tristeza, para que fossem a ele transmitidos.



– Moça, eu me sinto agredido com os dizeres dessas camisetas. Como uma loja, em um aeroporto internacional, pode expor tanto lixo?
Aquela moça me olhou com desdém e respondeu:
– O senhor pode não concordar, mas essas camisetas são as que nós mais vendemos!



Tentando segurar minha indignação para não despejá-la sobre aquela moça, virei as costas e, silenciosamente, saí da loja...



Alguns dias atrás, quando estava em Manaus, fui convidado a participar de um programa de televisão do tipo mesa redonda chamado Canal Livre – um grupo de profissionais que discutiria assuntos sobre a família. Havia um sociólogo, um psicólogo, um psiquiatra, um sexólogo, um advogado, e eu, conselheiro familiar. Entre outros tópicos, debatemos sobre “dar ou não dar” preservativos ao adolescente brasileiro. Cada um ia dando sua opinião e, na medida em que minha vez se aproximava, eu ficava mais indignado com o que ouvia.



Pedi paciência e sabedoria a Deus para dizer palavras adequadas, não somente aos que me rodeavam, como também aos telespectadores que iriam me ouvir. Finalmente chegou a minha vez e eu disse:
– Gostaria de cumprimentar meus colegas presentes e convidá-los a, juntos, ouvirmos o que tem a dizer o próprio Arquiteto da Família.



Abrindo a Palavra, li um dos textos que falam sobre não ter sexo pré-nupcial: “Pois está é a vontade de Deus, a vossa santificação: que vos abstenhais da prostituição. Porquanto Deus não nos chamou para a impureza, e sim para a santificação”. 1 Tessalonicenses 4. 3 e 7.



Confesso que estes três eventos, entre vários outros, vêm me deixando ainda mais preocupado com nossas famílias. A arena da política, as influências negativas da mídia e uma onda de ensino de nível superior estão impactando a família através de conceitos anti-bíblicos. Há uma forte tentativa de se redefinir a família como um grupo de indivíduos que decidem viver juntos, seja este formado por duas pessoas amasiadas, homossexuais ou lésbicas. A elite cultural procura designar estes grupos como famílias legítimas, desvalorizando, assim, a importância singular de uma família onde o marido e a esposa comprometem-se um com o outro e criam filhos responsáveis para a próxima geração.



O materialismo tem invadido o seio familiar. Uma ganância crescente cria a oportunidade de afastamento, tanto do pai quanto da mãe de seus papéis de pais presentes na vida física, espiritual e emocional de seus filhos. É durante os anos de crescimento que os filhos mais precisam de orientação e exemplo. Infelizmente, as creches, os maternais, as babás e as empregadas é que estão criando a geração que está chegando.



O declínio moral também tem contribuído para o desmoronamento do lar. Os valores que definem o certo e o errado e apóiam um comprometimento permanente estão desaparecendo da sociedade. Paralelamente com a quebra dos compromissos conjugais, surge o aumento do padrão de comportamento abusivo.



Mesmo aqueles que são criados em lares onde a Palavra de Deus é ensinada não estão isentos da influência libidinosa.



Nossos filhos, em suas escolas, sejam estas públicas ou particulares, são fustigados com ensinos que redefinem a família e promovem valores que bombardeiam o conceito bíblico do lar.



Por favor, não gostaria de ser mal entendido! Se estou falando tanto na família é porque ainda acredito nela! Há esperança! O que vejo é a família atravessando momentos de mudanças radicais e incrivelmente rápidas.



Tenho algumas idéias que podem nos ajudar, em meio a todo esse quadro de mutação, a não nos alienarmos, porém, mantermos alguns valores que podem defender a família:



1.
A agência de Deus na Terra, a Igreja, precisa esclarecer a sociedade sobre a razão da existência da família e providenciar uma clara compreensão sobre a definição e propósitos de Deus sobre a família, o qual é:
1. Espelhar a imagem de Deus (Gn 1.26-27)
2. Multiplicar a herança cristã (Gn 1.28; Sl 78.1-7)
3. Cuidar da criação de Deus (Gn 1.18-30)
4. Suprir as necessidades uns dos outros (Gn 2.18; 1 Co 11.11-12)
5. Ser reflexo do relacionamento de Cristo com a Igreja



2.
É necessário que haja uma compreensão da poderosa batalha espiritual que está sendo travada pelo diabo e seus anjos (demônios), para destruir a família e, assim, desmoronar a sociedade.



3.
Precisamos enxergar nosso mundo através dos olhos de Deus, com as lentes de Sua Palavra, para que os pais possam tomar decisões sábias que reflitam o interesse pelo bem estar de sua família e da sociedade de forma geral, mudando do foco egoísta para o altruísta, refletindo, assim, o ponto de vista de Deus.



Olhando para nossas três situações iniciais, a entrevista de Marília Gabriela sobre o aborto, as camisetas pornográficas no aeroporto e o programa de TV em Manaus, chego à conclusão de que esse tipo de experiência continuará cada vez mais a ocorrer. Não nos é possível evitar a avalanche de humanismo e materialismo cada vez mais crescentes, porém, podemos levantar a nossa voz contra as aberrações que nos sobrevierem. Devemos e podemos protestar contra os princípios que estão, simplesmente, destruindo os nossos lares.



Que, enquanto estivermos neste mundo, Deus nos dê sabedoria para não ficarmos à parte da realidade que nos rodeia, mas que tenhamos bem claro em nossas mentes os princípios bíblicos pelos quais devemos trilhar nossas vidas e condutas, de maneira a vivermos de forma que O agrade.



Dr. Jaime Kemp é missionário da Sepal, dirigindo o Ministério Lar Cristão. Foi fundador da Missão Vencedores por Cristo. É conferencista e autor de 29 livros.