Ev. Fábio Magalhães
Se estivesse vivo, meu pai completaria hoje sessenta anos. Passados quase onze anos da sua morte, ele continua bem vivo em minha memória. Como esquecer a maneira como nos acordava aos domingos para irmos para a EBD? Preparava um gostoso café da manhã, ligava o aparelho de som e vinha na porta do quarto de tempos em tempos e chamava: “Varões valorosos! Está na hora de irmos para a escola dominical!” Meus irmãos e eu ficávamos meio bravos, afinal acordávamos cedo a semana inteira para ir para a escola, ou para o trabalho; será que não podíamos dormir um pouquinho? Será que não podíamos ter uma folga pelo menos um domingo?
Outras coisas me deixavam meio confuso: Por que meu pai emprestava dinheiro para pessoas que não iriam pagar? Por que pedia perdão quando, na verdade, era ofendido? Por que não usava a sua “autoridade pastoral” instantânea e energicamente? Por que honrava pessoas que, aos nossos olhos, não mereciam? Por que ficava calado quando suas ovelhas esqueciam de convidá-lo para festas de casamento e aniversários de quinze anos? Por que não disse que era pastor quando pediram para retirar o seu fusca 1978 do estacionamento de uma igreja e disseram: “Este estacionamento é só para pastores”?
Algumas de suas frases não me saem da cabeça:
“Não quero receber para fazer a obra de Deus. Se precisar eu até pago”.
Quando assumiu a AD Belém – Setor 36 – Congregação de Jd. Penha fez três promessas ao ministério e a igreja que assumia:
“Trabalho, Trabalho e Trabalho”.
Uma das coisas mais marcantes de que me lembro é um diálogo entre meu pai e minha mãe, alguns meses antes de sofrer um infarto:
Mãe: Sílvio, você não tem ambição de ter uma casa, um carro, dinheiro, bens materiais?
Pai: Não. O meu tesouro não é deste mundo.
Meu tio, Pr. Ivaldo Pereira da Cruz, definiu bem: “Sílvio andou tão perto de Deus que Deus resolveu levá-lo para junto de si”.
Talvez alguém julgue que eu não tenha apoio meu pai e que esteja sentindo remorso. Durante o ministério do meu pai sempre fui seu braço direito. O que me pesa é ter demorado tanto para entendê-lo, e não ter aproveitado mais a sua companhia.
Alguns irmãos que o conheceram procuram, por bondade, estabelecer comparações entre meu pai e eu. Não tem jeito! Eu não chego nem aos seus pés.
Hoje me lembrei das últimas madrugadas do meu pai... Sentado numa cadeira, tossindo a noite inteira (por causa do infarto), e sem poder dormir. Lembro-me que essa cena me angustiou muito. Penso no meu irmão mais novo; muita gente não o entende, mas ele viu meu pai morrer na sua frente.
Penso que estamos firmes por causa de outras madrugadas, por anos a fio, em que o ouvíamos orar por nós!
Nos últimos oito anos tenho passado por alguns momentos difíceis. Como ser humano que sou, penso em desistir; mas acabo continuando quando me lembro das manhãs de domingo:
“Varões Valorosos...”
Estamos agradecidos ao Senhor pela firmeza da linda família que o saudoso pastor Silvio deixou, inclusive, o lindo ministério de seu filho, nosso querido sobrinho, o Evangelista Fábio, que imita a sua fé perseverante.
ResponderExcluirMissionários ivaldo e Fátima, desde Honduras