Texto enviado por Angelo Barbosa da Silva
Recentemente estava indo trabalhar e reencontrei um amigo que não via há tempos. Estávamos no metrô e fomos conversando sobre muitos assuntos e muitas histórias do passado. Entre a conversa me disse que ele e sua esposa estavam planejando ter um filho, só que não tinha certeza se era aquilo que realmente queria. Daí ele me perguntou como era a experiência de ser pai.
Bom... aí a conversa tomou outro rumo. Em milésimos de segundo fui absorvido por uma sensação diferente, afinal falar da paternidade e das minhas duas garotinhas não é tão simples.
Fiquei pensando no que dizer ao meu amigo e procurando palavras para lhe responder. Queria que ele soubesse que nada do que ele já viu ou aprendeu sobre filhos lhe seria suficiente, pois a paternidade lhe causará uma “ferida” emocional tão exposta que ele ficará vulnerável pra sempre. Pensei na possibilidade de avisá-lo que jamais lerá um jornal novamente sem se perguntar: “E se fosse meu filho?”. Que todo desastre, incêndio ou todo tipo de acidente irão assombrá-lo. Que sempre que vir fotos de crianças famintas, ou sofrendo, ele imaginará se há algo pior do que ver o próprio filho (a) morrer.
Achei que deveria avisá-lo que ele deveria usar cada gota de disciplina para manter a casa funcionando, só para garantir que o filho (a) ficasse bem. Gostaria que ele soubesse que jamais as suas decisões serão rotineiras. Que, para uma garotinha de 4 anos, a vontade de ir ao banheiro feminino num shopping passará a ser uma grande dificuldade quando se está a sós com ela.
Gostaria de advertir ao meu amigo para que ele entendesse que amará muito mais a sua esposa por conta do cuidado que ela terá com seu “filhote (a)”. Acho que ele se apaixonará pela esposa novamente, mas por motivos que agora não acharia românticos. Queria descrever para o meu amigo a alegria de ver o filho (a) aprender a andar, a chutar uma bola, a chamá-lo "PAPA". Queria apresentar-lhe a risada gostosa de um bebê, do abraço que ele receberá ao chegar em casa depois de um longo e estressante dia de trabalho. Eu queria que ele experimentasse essa alegria, que de tão autêntica, chega a doer...
O olhar inquiridor do meu amigo me fez perceber que meus olhos estavam banhados de lágrimas.
Você jamais se arrependerá disso _ disse-lhe finalmente.
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