“Nosso maior desafio é ser cristão”, disse uma das latino-americanas no primeiro Encontro Estudantil da Comunidade Internacional de Estudantes Evangélicos, a CIEE, da qual faz parte a Aliança Bíblica Universitária do Brasil (ABUB). Antes da Assembleia Mundial do movimento, que aconteceu agora em julho na Polônia, 124 estudantes de vários países se reuniram e discutiram temas depois expostos em fóruns. Diversos desafios da juventude mundial contemporânea foram levantados. A partir destas conversas, é possível analisar alguns destes desafios que os jovens cristãos de hoje encaram ao longo da vida.
“Buscamos ser cristãos de fato num ambiente tradicionalmente cristão e repleto de religiosidade”, completou a estudante. A realidade da América Latina também envolve o Brasil, não só pelo catolicismo, mas até nas igrejas evangélicas: o maior desafio é ser um cristão real. Testemunhar numa sociedade em que a igreja ganhou uma imagem negativa e imoral e se envolver de fato com os valores cristãos e a missão é algo que temos de aprender e lutar por, dia a dia.
Outro tema relevante para os jovens atuais é a maneira com que estes veem e tratam a homossexualidade. Na discussão da Assembleia, chegamos a uma simples conclusão: apesar dos contextos variados, em todos os países o desafio é igual. Cristãos ainda são vistos como intolerantes, hostis e preconceituosos com homossexuais. Pior: grande parte da comunidade cristã é assim e orgulha-se disto. É preciso mudar.
Na discussão, vimos a necessidade de voltarmos para o Evangelho e lembrarmos como Jesus tratava pecadores. Ele acolheu a mulher adúltera e hospedou-se na casa de Zaqueu; ele restaurou o relacionamento e mostrou amor antes de falar de pecados e mudança. Encaramos como um desafio necessário o de compartilhar o Evangelho entre homossexuais, além de aprendermos a respeitar seus direitos e lembrarmos que a mesma graça que Deus nos dá para, por exemplo, transformar nossa cobiça, é a que pode transformar a vida deles.
Os desafios vão longe e são muitos. Ser jovem cristão, hoje, também envolve lidar com fatores culturais que podem ajudar ou inibir a pregação do Evangelho. Ecumenismo, por exemplo, pode criar espaço, mas, do outro lado, há o relativismo moral, pluralismo e intolerância religiosa como obstáculos. Como lidar com isso sem repetir o segregacionismo que muitos impõem à religião? Como contornar os problemas e usar alguns aspectos culturais de forma positiva?
Outro ponto: é raro ouvirmos um jovem defendendo a Bíblia como relevante e verdadeira. O engajamento bíblico pode também resolver outras questões, já que é na Palavra e no estudo rotineiro dela que encontramos respostas. É importante estudar as Escrituras e entendê-las para responder perguntas como as que questionam a veracidade e confiabilidade da Bíblia.
Uma das delícias de estar num evento mundial é conhecer estudantes cristãos de contextos diferentes e olhar nos olhos daqueles cuja liberdade só encontram em Cristo, e não em seu país. No âmbito global, só dividir a palavra de Deus já é um desafio para os que vivem em ambientes hostis. Há jovens que sofrem perseguição, porque vivem em lugares onde o Cristianismo é proibido. Outros podem ser cristãos, mas não podem falar sobre. Ainda há contextos de violência, desespero e instabilidade política. Aprender os desafios de burlar a realidade negativa (e tensa!) para partilhar a Mensagem de esperança é definitivamente um incentivo para que, do lado de cá, deixemos de arranjar desculpas para evangelizar.
A juventude continua com os mesmos desafios, mas, de tempos em tempos, eles alcançam novos contornos. Formas criativas de apresentar o Evangelho como relevante para nosso contexto, batalhas espirituais, pontes entre o Evangelho e a cultura secular e testemunho da fé através de ações sociais e serviço na universidade são alguns destes, que devemos reciclar para nossos dias.
É impossível vivermos plenamente tanto nossa juventude quanto nossa fé sem nos deparamos com estas questões desafiadoras. Não é fácil, e Cristo nunca disse que seria. Ás vezes parece que a cada batalha vencida, deparamos com uma nova. A delícia de andar por este caminho complicado é reconhecer cada vez mais nosso Deus de perto, sua esperança nos ensinando e sua graça em nossos passos. Que venham mais desafios!
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Jessica Grant
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