sábado, 30 de julho de 2011

O Evangelho segundo o espiritismo

Paulo César Campos Lopes do Valle

A obra de Allan Kardec, O Evangelho Segundo o Espiritismo, possui 28 capítulos, 27 dos quais dedicados à explicação das “máximas de Jesus”. Nela, os seguidores do movimento kardecista dizem encontrar a base e o roteiro da religião denominada espírita. 

Na introdução, há algumas explicações quanto ao objetivo da obra, os fundamentos da autoridade da doutrina espírita, as questões históricas ligadas aos Evangelhos do Novo Testamento e a apresentação de Sócrates e Platão como os precursores da doutrina espírita.

Do capítulo 1 ao 27, encontra-se a parte moral e religiosa do espiritismo kardecista, por meio dos comentários de Kardec sobre algumas passagens da vida e do ensino de Jesus Cristo. As primeiras quatro máximas — “Não vim destruir a lei”, “Meu reino não é deste mundo”, “Há muitas moradas na casa de meu Pai” e “Ninguém pode ver o reino de Deus, se não nascer de novo” — trazem os fundamentos doutrinários do espiritismo kardecista, apresentado como uma revelação cuja autoridade assemelha-se ao Velho e ao Novo Testamentos. As seis máximas seguintes — “Bem-aventurados os aflitos”, “O Cristo Consolador” etc. — iniciam a parte prática, aquilo que se espera de cada um. Do capítulo 11 ao 14 — “Amar ao próximo como a si mesmo”, “Amai os vossos inimigos”, “Que a mão esquerda não saiba o que faz a direita” e “Honra a teu pai e a tua mãe” —, as máximas enfatizam os relacionamentos interpessoais no âmbito social, religioso e familiar. As máximas “Fora da caridade não há salvação” e seguintes tratam dos aspectos relacionados à proximidade da divindade. Os capítulos 20 e 21 tratam das ameaças à religião espírita. A seguir, as máximas “Não separar o que Deus juntou” e “Moral estranha” tratam da moralidade no ambiente familiar para o relacionamento entre marido e mulher, e pais e filhos. Os capítulos 24 a 27 tratam das questões relacionadas ao testemunho que se espera de cada seguidor e o papel da confiança desejada. A obra termina com uma “coletânea de preces espíritas” pessoais pelos outros, pelos espíritos e pelos doentes. 

Ainda que não seja tão evidente, O Evangelho Segundo o Espiritismo é um misto de ciência, filosofia e religião. Tem como fundamento o princípio de que as revelações enviadas pelos espíritos têm a mesma autoridade dos escritos canônicos do Velho e Novo Testamentos (pp. 44, 50).

Entretanto, o ensino da Bíblia Sagrada é que a Escritura do Velho e Novo Testamentos possui uma autoridade que não depende do testemunho de qualquer homem, mas inteiramente de Deus, sendo Ele mesmo a verdade e o seu autor. Ela deve ser recebida pelos homens por ser a Palavra de Deus (2 Ts 2.13; 2 Tm 3.16; 2 Pe 1.19-21; 1 Jo 5.9). Sua autoridade repousa em Deus.

Outro ponto de destaque da doutrina espírita é a reencarnação. Chega a ser citada como conceito-chave para a compreensão, inclusive, da Palavra de Deus (p. 69).

Porém a Palavra de Deus ensina que “aos homens está ordenado morrerem uma só vez, vindo, depois disto, o juízo” (Hb 9.27). Segundo a Bíblia, o ato seguinte após a morte de todos os homens é o comparecimento ante o tribunal de Cristo, cabendo aos homens estarem prontos.

Quanto à salvação, o testemunho do livro é que “fora da caridade não há salvação”. Ensinam que a observância das “boas obras” é suficiente para a salvação do homem. Que, pelo acúmulo de obras, o homem alcança “a felicidade suprema” (p. 197). É importante ressaltar que os títulos dos capítulos são todos retirados de ensinos diretos de Jesus Cristo, exceto este: “Fora da caridade não há salvação”.

Mas a Escritura Sagrada, de inigualável autoridade, ensina que a salvação é pela graça, por meio da fé, como escreveu Paulo: “Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie” (Ef 2.8, 9).

Gostaria de encorajar a todos os leitores a pensarem sobre estas coisas. Se você identifica-se com a doutrina kardecista, gostaria de convidá-lo a verificar seus fundamentos à luz da Palavra de Deus, a Bíblia Sagrada, regra exclusiva quanto ao que devemos crer e como devemos viver para sermos aceitos por Deus. Todo conselho de Deus, concernente a todas as coisas necessárias para a sua própria glória, para salvação do homem, a fé e a vida, está expressamente declarado ou necessariamente contido na Escritura. A ela, nada em tempo algum se acrescentará, quer por nova revelação do Espírito (ou dos espíritos), quer por tradições dos homens.

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