sexta-feira, 29 de julho de 2011

O espiritismo retira de Jesus a sua divindade e o seu sacrifício vicário

Em seu livro A Bíblia para o Povo, o presidente mundial da brasileiríssima Legião da Boa Vontade, José Simões de Paiva Neto, explica: Jesus também começou como nós: na estaca zero. Ele não foi criado com uma perfeição sem jaça. Foi feito simples e ignorante como cada um de nós, claro que anteriormente à fundação do planeta Terra. Jesus evoluiu em outro mundo e foi desenvolvendo o seu espírito, de encarnação em encarnação, até chegar à unidade com o Pai, a ponto de poder dizer: “Eu e o Pai somos um.”

Muito antes de Paiva Neto, o reencarnacionista americano Edgar Cayce (1877-1945), fundador da Associação para Pesquisa e Iluminação (1931), dizia sem o menor constrangimento que Jesus é o resultado de uma longa cadeia de reencarnações.

Para o cristão convicto, essas palavras soam como blasfêmia, pois mexem com um dos maiores pilares do cristianismo, que é a divindade de Jesus. Os cristãos entendem que Jesus é aquele de quem fala o prólogo do Evangelho segundo João: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e, sem ele, nada do que foi feito se fez. E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai.” (Jo 1.1, 3, 14.)

No cristianismo, Jesus é “Emanuel, que quer dizer Deus conosco” (Mt 1.23); Jesus é “a imagem do Deus invisível” (Cl 1.15); Jesus é “o resplendor da glória de Deus e a expressão exata do seu ser” (Hb 1.3); Jesus é “o Alfa e o Ômega, aquele que é, que era e que há de vir, o Todo-Poderoso” (Ap 1.8); Jesus é “o primeiro e o último, que esteve morto e tornou a viver” (Ap 2.8).

Além de negar a divindade, a santidade absoluta e a ressurreição de Jesus, o espiritismo nega outro grande alicerce do cristianismo, que é o sacrifício expiatório de Jesus. Segundo o espiritismo, todo mal cometido em qualquer existência será reparado com expiações pessoais em novas e sucessivas encarnações. O homem é o seu próprio salvador. É como no budismo: “o indivíduo faz o mal por si mesmo, sofre por si mesmo, deixa de fazer o mal por si mesmo e é purificado por si mesmo”. A salvação será obtida sem nenhuma ajuda externa. Nas religiões reencarnacionistas, não existe a maravilhosa graça que salva o pecador da culpa do pecado (justificação), do poder do pecado (santificação) e da presença do pecado (glorificação).

No cristianismo, tudo é diferente. Jesus é o Agnus Dei (o Cordeiro de Deus) que tira o pecado do mundo, como muito bem se expressou João Batista (Jo 1.29). Ele é o Servo do Senhor que toma sobre si “a iniqüidade de nós todos” (Is 53.6). Ele se faz pecado por nós e carrega em seu próprio corpo os nossos pecados (1 Pe 2.24). Ele paga a dívida que o pecador não pode pagar (Cl 2.14). Ele é duramente castigado como se fosse culpado de todas as mazelas do homem (Is 53.5; Rm 8.32). Ele é dado como oferta pelo pecado, Ele derrama a sua alma na morte, Ele é vitimado por causa de nossa transgressão, Ele é cortado da terra dos viventes, Ele é o bom pastor que dá a sua vida pelas ovelhas (Jo 10.11). Jesus não é a reencarnação de alguém; é o Verbo que se secularizou, isto é, entrou dentro do tempo, e tornou-se visível, palpável e audível, para tornar possível a salvação daqueles que crêem.

É muito significativo lembrar que um dos apóstolos de Jesus (Tomé), o último a acreditar em sua ressurreição, tenha ido, como missionário, para a Índia, o berço da teoria da reencarnação, então dominada pelo hinduísmo, jainismo e budismo. Como é bom recordar ainda que outro missionário (Paulo) foi enviado ao mundo greco-romano, onde prevalecia o platonismo, em cujo bojo estava também a reencarnação. O cristianismo cresceu mais do que todas as religiões de então.

Ainda é a maior religião do mundo, não obstante a ignorância doutrinária e a decadência moral da maior parte de seus seguidores.

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