HÁ MOMENTOS NA VIDA em que tudo parece perdido dentro de casa. Sentimos que perdemos o controle dos filhos; estes se sentem abandonados por nós, acusando-nos de trabalhar demais. De repente, achamos que não conhecemos mais nosso cônjuge, com quem vivemos há tantos anos. Quem já não se sentiu “longe de casa” (casa dos nossos pais), achando que assumiu responsabilidades de adulto, ainda despreparado para elas? A situação fica feia, mesmo, quando muitas dessas constatações e tantas outras dificuldades relacionadas à nossa vida familiar acontecem ao mesmo tempo. Entramos em crise. Muitas vezes, só perceptível por uma silenciosa depressão. Pensamos em voltar para a “casa do papai”, embora já estejamos quase na meia-idade. Percebemos o ridículo da idéia. Mas ela está lá. Queremos desistir da vida de adultos. Síndrome de Peter Pan. Sentimo-nos falidos.
Sentimos nossos sonhos familiares, relacionais, falidos. Não é raro percebermos, nessa hora, que nossa vida eclesiástica também não vai bem. Sem falar na vida profissional, que parece esvaziada de sentido. Uma luta inglória por sustento. Sustento de quê? É o efeito sistêmico de nossas crises. Quem poderá nos socorrer? Nessa hora precisamos de esperança. Esperança? Sim, uma esperança não-alienada, não-romantizada e não-espiritualizada, embora alicerçada em profunda fé cristã.
As relações são organismos vivos, que nascem, crescem, amadurecem e morrem. A passagem de uma para outra sempre implica conflitos e crises. São momentos doloridos, é verdade, mas também são momentos naturais, necessários. Compreendendo o “ciclo vital”, aprenderemos a olhar de forma mais positiva e construtiva para as “crises de passagem”, nas quais abandonamos a roupa que não serve mais, devido ao nosso natural crescimento.
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